quinta-feira, 14 de julho de 2011

PRESÍDIO PROFESSOR ANÍBAL BRUNO: MAIS DUAS MORTES

Uma confusão generalizada tomou conta nas partes interna e externa do Presídio Professor Aníbal Bruno, no Sancho, Zona Oeste do Recife, ontem. Tudo começou ainda pela manhã, durante a visita conjugal, quando várias mães, esposas e demais familiares dos detentos estavam dentro da unidade.
Por volta das 10h, um malote foi arremessado para dentro do presídio. Um policial militar do Batalhão de Guardas, responsável pela segurança nas guaritas, percebeu quando um preso foi até o local pegar o pacote, se aproximando de uma área de segurança. Em seguida, ocorreu um tiroteio dentro da unidade e um dos detentos acabou morrendo e outros dois saíram feridos.
Timóteo de França Leôncio, 22, estava no presídio desde setembro de 2010 onde cumpria pena por assalto. Ele chegou a ser levado para o Hospital Otávio de Freitas (HOF), mas acabou falecendo na unidade de saúde. Rogério Vieira de Souza, 34, também cumpre pena desde setembro do ano passado, mas por tráfico. Levou um tiro na cabeça, seguiu para o HOF, mas foi transferido para o Hospital da Restauração (HR). Passou por cirurgia e continua em observação. Seu estado de saúde é considerado delicado.
Já Valdecir Vicente da Silva, 37, preso desde junho de 2007 por tráfico, foi atingido por estilhaços e também precisou ser atendido. Ele foi levado para a emergência do HOF, recebeu atendimento e depois retornou para o Aníbal Bruno.
Várias unidades da PM foram acionadas para conter os presos e os familiares, que chegaram a interditar a avenida Liberdade, em frente ao presídio. Policiais dos batalhões de Choque (BPChoque) e de Radiopatrulha (BPRp), das Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe), do 12º BPM, além do Corpo de Bombeiros estavam presentes na área.
De acordo com o superintendente de Segurança Penitenciária da Seres, coronel Francisco Duarte, Rogério foi atingido por um tiro disparado por um policial na guarita e Timóteo foi assassinado a golpes de facas artesanais pelos próprios presos. “Rogério se aproximou da área de segurança e foi avisado para se retirar. O policial precisou atirar”, disse. “Já Timóteo, foi morto pelos demais presos por ter ‘quebrado’ alguma regra interna deles. Eles possuem um ‘código’ e nada pode ocorrer durante a visita”, acrescentou.
A versão é contestada por familiares de Timóteo, que compareceram ao HOF. “Ele levou um tiro na cabeça. Não foi morto pelos outros detentos, foi morto por algum policial ou agente”, contou um irmão da vítima, que pediu para não se identificar. Os detentos aproveitaram o tumulto para fazerem algumas reivindicações.
No início da tarde, o clima voltou ao normal. Alguns, inclusive, receberam alvará de soltura. “Aparentemente, o clima está tranquilo. Teve um tiroteio e uma correria, mas logo ficou normal”, disse o ex-presidiário Thiago Ferreira Vasconcelos, 19, que estava no Pavilhão E antes de ser solto. A visita precisou ser adiada e foi remarcada para o próximo sábado.