sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Detentos da Barreto Campelo se rebelam por revisão de pena


Um princípio de rebelião na Penitenciária Professor Barreto Campelo (PPBC), na Ilha de Itamaracá, foi rapidamente controlado na tarde de ontem. Cerca de 250 detentos, de cinco pavilhões, subiram para o topo de uma das alas de encarceramento para protestar, pacificamente, contra a lentidão no andamento e na revisão da progressão de pena dos processos. O juiz da 1ª Vara de Execuções Penais, Abner Apolinário, foi a penitenciária para ouvir as reivindicações dos detentos e, depois de mais de uma hora de conversa, prometeu atender as solicitações o mais breve possível. Desde o último domingo os internos aderiram a greve de fome devido a demora judicial.

Na saída da penitenciária, o magistrado informou que retornará a PPBC na próxima semana já com alguns dos processos revistos. “A demanda deles é justa, mas o trabalho de revisão de processo e concessão de progressão de pena é um trabalho manual. O preso precisa ser avaliado por uma equipe de psicólogo e assistente social, além de receber o aval do promotor de Justiça. Tudo isso demanda tempo e se precisa estudar os processos. Na próxima quarta-feira, retorno e devo já ter atendido parte da solicitações”, respondeu o juiz Abner Apolinário.

Estima-se que mais de 100 prisioneiros, que cumprem pena na PPBC, tem os requisitos para ter acesso a progressão de pena e migrar para o regime semiaberto.

Por causa do princípio de rebelião, as visitas íntimas foram canceladas ontem. Essa atitude gerou revolta nas esposas e companheiras dos detentos, que denunciaram casos de maus-tratos pelos agentes penitenciários. “Eles pegam nossa identidade, no dia de visita, ficam com o documento e jogam no mato. A comida que serve lá parece até lavagem para porcos, de tão ruim”, reclamou uma das mulheres. Atualmente, 1.780 homens cumprem pena na Barreto Campelo. O diretor da unidade, o coronel Francisco Duarte, desconhece as denúncias.