sábado, 1 de agosto de 2009

Pistolas que paralisam sistema motor serão usadas no lugar de armas em Pernambuco

Até o final do ano, Pernambuco terá uma nova maneira de combater o crime: a Taser M-26, uma arma de impulso elétrico que atua paralisando o sistema motor e sensorial dos alvos por cinco segundos. Trata-se de um tipo de armamento chamado de não letal, ou seja, que não tem poder de matar. A informação, porém, é contestada pela Anistia Internacional, que divulgou em dezembro do ano passado um relatório alertando que 334 pessoas foram mortas nos Estados Unidos entre 2001 e 2008 depois de terem recebido uma descarga eléctrica de uma Taser.

Nesta sexta-feira, a primeira turma de policiais habilitados para manusear a pistola - composta de 27 pessoas incluindo também, funcionários da Secretaria de Ressocialização e integrantes do Ministério Público e Tribunal da Justiça - se formou na sede do Batalhão de Choque, que fica na Madalena.

Com duas aulas teóricas e uma prática, os oficiais aprenderam a manusear e utilizar a Taser M-26. “Nosso principal objetivo, norteado pelo Pacto pela Vida, é assegurar o desenlace de situações de perigo sem grandes danos para os envolvidos. Agora, as armas letais serão usadas apenas como último recurso”, afirmou o coordenador do curso, tenente Igor Rodrigo da Silva. A capacitação abrange policiais civis, militares e bombeiros.

Mais onze turmas serão treinadas nas próximas semanas, até que o contingente de 300 policiais esteja preparado para receber a pistola e atuar nas ruas de todo o estado. Só então o lote de 150 pistolas já recebidas pelo governo por meio do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) será distribuído aos oficiais. A expectativa é de que até novembro a polícia pernambucana possa utilizar o novo dispositivo.

“Inicialmente as armas serão destinadas àqueles policiais que trabalham com atividades operacionais, ou seja, aqueles ligados ao Batalhão de Choque, Rádio Patrulha e a área de investigações da Polícia Civil”, explicou o tenente Igor. Contudo, já está programada a compra de mais 400 armas para o estado, que devem ser distribuídas em outras áreas da polícia e até dentro dos presídios. “Sabemos que a Taser também pode ser uma opção valiosa para conter rebeliões dentro das instituições prisionais”.

A arma atua de duas maneiras, por contato ou a distância, situação em que se mostra mais eficaz, pois a voltagem elétrica desse uso é maior. A voltagem dos disparos varia de cinco a 50 mil volts, mas a arma só emite energia com intensidade de 0,004 ampère. Para se ter uma ideia, uma tomada caseira emite energia com intensidade de 16 ampères.

Durante a demonstração, o capitão Linaldo Tavares pôde sentir literalmente na pele o poder da pistola. Ele foi o policial voluntário para a aplicação prática da arma. “A paralisação é imediata. Você sente o impacto, que não chega a doer, e imediatamente seus músculos ficam enrijecidos. Não tem como controlar seus atos após o disparo”, relatou. Graças à paralisação muscular, o eventual alvo fica impedido de segurar armas e nem mesmo consegue se manter em pé.

O tenente Cristiano Siqueira, integrante da Rádio Patrulha e um dos participantes do curso de treinamento, adiantou que a novidade vem causando alvoroço dentro dos quartéis. “Todo mundo confia muito nesse dispositivo. É um novo fôlego para a polícia pernambucana. Uma opção segura para as vítimas, para os agressores e para o próprio policial”, completou. O preço dessa segurança, porém, não é barato: cada Taser M-26 custa U$ 900 (cerca de R$ 1.800). “A durabilidade das pistolas, entretanto, é grande. O que precisamos trocar é a bandeja de pilhas, que já são recarregáveis”, defendeu o tenente Igor Rodrigo da Silva. A Taser já é utilizada de forma corriqueira e com sucesso nos EUA, Canadá e Europa.

Fonte - DP